segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

Rio Branco é o exemplo brasileiro de priorização da bicicleta como meio de transporte




Rio Branco é uma cidade exemplo de como a vontade política e investimentos corretamente direcionados podem favorecer o uso da bicicleta com segurança. Atualmente, a capital do Acre possui a maior rede cicloviária per capita do país.

Descrição breve do projeto

Rio Branco é uma cidade exemplo de como a vontade política e os investimentos direcionados podem favorecer o uso da bicicleta na cidade, e com segurança.
Em 2006, antes mesmo de existir grandes problemas com congestionamento, a cidade já demonstrava seu interesse em investir no planejamento cicloviário: tinham implantados 60 km de ciclovias e ciclofaixas, como teste para criação de vias com o uso da bicicleta. Só que, como não havia conhecimento técnico sobre o assunto, as instalações mantinham a priorização dos carros na rede viária.
Em 2007, articulado aos direcionamentos do Plano Diretor no município, o Plano Diretor de Transporte e Trânsito de Rio Branco buscou requalificar as vias existentes segundo novos critérios de segurança ao ciclista, considerou a implantação de mais 100 novos quilômetros de vias cicláveis e melhorou as calçadas da cidade, além de ampliar a malha viária e padronizar a sinalização no sistema.
Atualmente, a capital do Acre possui a maior rede cicloviária per capita do país, com cerca de 160 quilômetros de vias cicláveis projetadas e mais de 100 quilômetros de vias (ciclovias e ciclofaixas) já em funcionamento para um total de 305 mil habitantes, onde o principal uso da bicicleta é como meio de transporte. Com a priorização da bicicleta na cidade e a instalação de infraestruturas alternativas, seu uso como meio de transporte foi facilitado e ampliado para toda a população, que se apropriou da cidade, ocupando os espaços públicos: ruas, praças, parques. Dessa forma, a cidade passa a ser dinâmica e viva, o que aumenta ainda mais a segurança, uma vez que a própria população passa a ser fiscal da cidade.
O mais curioso é que a cidade é a primeira do mundo a investir em infraestrutura cicloviária antes de ter problemas de mobilidade, e hoje é a cidade brasileira com maior rede cicloviária per capita.

Metodologia

O Plano Diretor de Transporte e Trânsito de Rio Branco foi criado a partir de um diagnóstico da situação da mobilidade na cidade, da modelagem dos transportes e da elaboração e avaliação de diferentes cenários de demanda e oferta.
Foi realizado um estudo prévio de toda a dinâmica urbana, e das características físicas e legais de todo o sistema viário e trânsito, o sistema de transporte público e do transporte não motorizado, além das características socioeconômicas da população e do contexto do uso do solo na cidade, de forma a integrar o Plano Diretor da cidade com a demanda e oferta de mobilidade existente.
Assim, o Plano buscava tratar o transporte, não só como indutor de urbanização, mas, principalmente, como homogeneizador do espaço. Dessa forma, foram propostas diferentes intervenções, buscando abranger todos os modais existentes: não motorizados (pedestres e ciclistas) e motorizados (individual - automóveis e motocicletas - e coletivo - ônibus).

Objetivos

• Elaborar um planejamento do sistema viário para os diferentes modais de transporte de modo a garantir a priorização do transporte não motorizado na cidade
• Antecipar a gestão pública e o planejamento urbano em relação à demanda de transporte da cidade, preparando o sistema de transporte para o crescimento da demanda e a infraestrutura viária para a priorização da bicicleta

Cronograma

• 2007: Elaboração do Plano Diretor de Transporte e Trânsito de Rio Branco
• 2008: Aprovação do Plano
• 2009: Projeto de Requalificação das calçadas e ciclovias
• 2009: Ocorre na cidade o 69ª Reunião do Fórum Nacional de Secretários e Dirigentes de Transporte Urbano e Trânsito, com apresentação de Rio Branco sobre a experiência

Resultados

• A capital do Acre possui a maior rede cicloviária per capita do país, com cerca de 160 quilômetros de vias cicláveis projetadas e mais de 100 quilômetros de vias (ciclovias e ciclofaixas) já em funcionamento para um total de 350 mil habitantes, onde o principal uso da bicicleta é como meio de transporte
• Recentemente foi desenvolvido um programa para implantar mais 100 km de ciclovias integradas ao sistema de ônibus, o que tornará extremamente fácil e rápido locomover­se por toda a cidade
• Foram realizadas intervenções de forma a abranger todos os modais existentes na cidade:
- Calçadas: foram recuperadas e melhoradas calçadas na cidade, priorizando o entorno dos principais corredores de ônibus e áreas comerciais de forma a consolidar as áreas mais densas, inclusive com instalação de iluminação noturna, fator importante, visto que as pessoas costumam caminhar pelas ruas da cidade no final da tarde devido ao calor.
- Programa de acessibilidade de pedestres: visou modificar o foco da cidade para o pedestre e o ciclista, de forma a priorizar intervenções nos eixos viários, nas áreas comerciais e no entorno dos terminais, onde concentram a maior parte do deslocamento de pedestres. Também foram propostas e instaladas “ruas de convivência”, onde a circulação de pedestres e automóveis é de baixa intensidade. Além disso, outra proposta inovadora para a cidade envolvia a adaptação de alguns cruzamentos com elevação da via à altura da calçada, obrigando o motorista a reduzir a velocidade e proporcionando maior segurança para os pedestres, como se a rua acabasse e a calçada continuasse nos cruzamentos.
- “Ruas de convivência”: é um conceito que visa criar espaços de convivência compartilhada e harmoniosa, com integração entre os modos de locomoção e transporte, nas vias não principais da cidade. Assim, as “ruas de convivência” têm como premissa que a via seja de um só nível, aumentando a área útil do espaço. Nelas, a delimitação dos usos (estacionamento, área de lazer), é determinada pelos próprios equipamentos urbanos (faixas, postes, árvores e bancos).
- Bicicleta: um dos objetivos é propiciar a circulação cicloviária com conforto e segurança em toda a cidade, prevendo o acesso por bicicleta aos principais centros de serviços da cidade e possibilitando os deslocamentos entre as principais atividades rotineiras (casa-trabalho e casa-escola).
- Transporte coletivo: Rio Branco é a menor cidade do Brasil com sistema de bilhetagem eletrônica. Foram propostos oito terminais e três pontos de conexão em localidades estratégicas da cidade, de forma a conectar diferentes linhas (troncais/estruturais e alimentadoras/locais) e eliminar a concentração do transporte em um ponto único da cidade (no centro).
• Na cidade, existe uma ponte estaiada para travessia exclusiva de pedestres e ciclistas
• O Parque da Maternidade, criado de forma estratégica como um parque linear no centro da cidade, possui ciclovias em toda sua extensão e dele saem outros parques lineares, que se encontram com novas ciclovias e ciclofaixas, que proporcionam uma alternativa ao ciclista para se evitar as grandes avenidas
• A Via Chico Mendes, importante avenida da cidade, teve seu canteiro central transformado em uma ciclovia iluminada, sinalizada e ajardinada, que segue até as rodovias que ligam a cidade ao interior, à Bolívia e ao Peru

Instituições envolvidas

• Prefeitura de Rio Branco
• Governo do Estado do Acre
• Logit
• TC Urbes

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