segunda-feira, 25 de março de 2013

Metade dos alimentos produzidos no mundo vira lixo, diz estudo





Petróleo contamina estuário do Pina


Publicado no Jornal do Commercio, em 22 de março de 2013. Foto:
O estuário da Bacia do Pina, confluência de quatro rios que cortam o Recife, está contaminado por derivados de petróleo. Pesquisadores da Universidade Federal de Pernambuco encontraram no local hidrocarbonetos aromáticos, substâncias que podem provocar câncer, em quantidades até sete vezes acima do permitido. Um alerta, segundo eles, para as agências de controle ambiental, hoje, Dia Mundial da Água.
O Rio Tejipió é o que apresenta índices mais elevados de compostos aromáticos, de acordo com o levantamento, feito por equipe dos Departamentos de Zoologia e Oceanografia da UFPE. O valor aceitável desse tipo de hidrocarbonetos, segundo a literatura científica, é de um micrograma por litro. Na desembocadura do Tejipió, a quantidade chegou a 7,41 microgramas por litro.
A coordenadora da pesquisa, a química Eliete Zanardi Lamardo (foto), lembra que o Tejipió corta o Distrito Industrial do Curado, em Jaboatão dos Guararapes, município vizinho ao Recife. Segundo ela, hidrocarbonetos aromáticos são provenientes de efluentes de indústrias e também domésticos. Lava-jatos, limpeza de motores, troca de óleo de automóveis e máquinas estão entre as fontes poluidoras.
As amostras foram recolhidas em nove estações, no período seco e no chuvoso, sempre na maré vazante. Dessa forma, os pesquisadores evitaram que a diluição provocada pela água do mar, que entra no estuário na maré alta, interferisse no levantamento. Os resultados fazem parte do trabalho de conclusão do curso da bióloga Nicole Favrod, ano passado.
Os pontos de coleta diretamente relacionados aos rios são a foz do braço do Capibaribe, do Tejipió, do Jordão e do Pina. Os outros estão na altura do descarte da Estação de Tratamento de Esgoto da Companhia Pernambucana de Saneamento (Compesa) na Cabanga, numa das marinas de Brasília Teimosa, na foz do Capibaribe e Beberibe, nos armazéns do Porto do Recife e na boca da barra, por onde os navios entram e saem.
Para surpresa dos pesquisadores, a análise da amostra coletada no porto não indicou índices elevados de hidrocarbonetos de petróleo dissolvidos na água. “Isso não quer dizer que a movimentação dos navios não contribua, mas que os índices desses compostos aromáticos nos efluentes industriais e domésticos dos rios é maior”, explica Eliete, coordenadora do Laboratório de Compostos Orgânicos em Ecossistemas Costeiros e Marinhos (OrganoMAR), do Departamento de Oceanografia da UFPE.
Os resultados, na opinião da pesquisadora, devem ser levados em consideração pela Agência Estadual de de Meio Ambiente (CPRH) e Compesa. “É necessária a realização de estudos sobre a ecotoxicidade em animais aquáticos”, sugere Eliete, “além do monitoramento sistemático desses compostos na região”.
EFEITOS
Hidrocarbonetos aromáticos, além de indicadores de poluição por petróleo, têm reconhecida ação carcinogênica. Resultados preliminares de estudos feitos com peixes na UFPE mostram que esses compostos influenciam ainda no comportamento dos animais. A substância, afirma Eliete, interfere na natação dos peixes, causando uma espécie de desorientação.
Outro efeito observado está relacionado ao sistema visual. “Se não enxerga direito, o animal não é capaz de identificar suas presas, o que dificulta a alimentação, e também seus predadores, o que o torna mais suscetível à predação”, detalha. Nos testes, realizados no Laboratório de Ecotoxicologia Aquática da UFPE, vinculado ao Departamento de Zoologia, o composto é colocado na água. A absorção pelos peixes se dá pela respiração, feita nas brânquias.

Megavulcões antigos acabaram com a metade das espécies do mundo




WASHINGTON -  Novas técnicas de datação de rochas confirmaram que uma cadeia de gigantescas erupções vulcânicas ocorridas há 200 milhões de anos provocaram a extinção repentina da metade das espécies que habitaram a Terra na época, revelou um estudo divulgado esta semana.
O resultado da investigação oferece a data mais precisa até agora do momento em que isto ocorreu - há 201.564.000 anos - no evento conhecido como Extinção Triásica Final ou quarta extinção maciça, quando a erupção de uma cadeia de vulcões revolucionou o clima, emitindo grandes quantidades de dióxido de carbono para a atmosfera, segundo pesquisa publicada na revista científica Science.
As erupções "tiveram que ser um grande evento", diz o co-autor do estudo, Dennis Kent, especialista em paleomagnetismo do Observatório da Terra Lamont-Doherty na Universidade de Columbia, em Nova York.
Este evento poderia ser um paralelo histórico de mudança climática causada pela atividade humana que ocorre em nossos dias, ao demonstrar que o aumento dramático do dióxido de carbono pode superar a capacidade das espécies vulneráveis para se adaptar, afirmaram os cientistas.
As estimativas precedentes deixavam uma margem de um a três milhões de anos entre o momento das erupções vulcânicas e a grande extinção ocorrida no fim do Triásico. Esta nova datação o situa em 20.000 anos no máximo, um piscar de olhos em termos geológicos.
As erupções fizeram que uma Terra já bastante quente ficasse sufocante, o que acabou com plantas e animais e deu passagem à era dos dinossauros - antes de que, eles também, fossem eliminados da Terra há 65 milhões de anos, possivelmente devido a outro evento vulcânico, combinado com um meteorito devastador.
Os vulcões arrasaram a Terra em uma época em que a maioria da massa terrestre formava um único grande continente, lançando 10,4 milhões de km3 de lava que, com o tempo, separou o terreno e criou o Oceano Atlântico.
Para este estudo, os cientistas analisaram amostras de rochas de Nova Escócia, Marrocos e o exterior da cidade de Nova York, todas delas procedentes da que alguma vez foi uma massa de terra unida como Província Magmática do Atlântico Central.
Uma análise da decomposição de isótopos de urânio no basalto, tipo de rocha deixada pelas erupções, proporcionou aos cientistas datas mais precisas.
A erupção no Marrocos foi a mais antiga, seguida da de Nova Escócia, 3.000 anos depois, e da de Nova Jersey 13.000 anos mais tarde.
Os sedimentos que se encontram mais abaixo daquela época mostram fósseis da Era Triásica. No entanto, acima, desaparecem, diz o estudo.
Algumas criaturas que se extinguiram foram os peixes enguia, denominados conodontes, os primeiros crocodilos e as lagartixas de árvore.
"De alguma forma, o final da Extinção do Triásico é análogo a hoje em dia", afirmou o principal autor do estudo, Terrence Blackburn, que fez a pesquisa quando trabalhava para o Massachusetts Institute of Tecnology, mas agora se encontra na Carnegie Institution.
Da Agência France Presse.

domingo, 10 de março de 2013

A força da energia eólica




O relatório sobre crescimento da economia verde divulgado no Fórum Econômico Mundial de Davos (Suíça), mostra que os US$ 88 bilhões de subsídios para energia renováveis, em 2012, começam a formar tendências e a atrair o outro lado onde US$ 623 bilhões em subsídios foram investidos em combustíveis fósseis. O novo jogo das renováveis está avançando no tabuleiro.
A energia limpa, gerada a partir do vento, faz parte dos investimentos na matriz energética considerados básicos para virada rumo à sustentabilidade. Recursos eólicos são inesgotáveis, parques eólicos podem ser construídos rapidamente, são ideais para locais com escassez hídrica porque não precisam de água, ajudam a descarbonizar a economia porque não emitem gases de efeito estufa e ainda geram empregos verdes, estando assim alinhados com os novos marcos regulatórios da sustentabilidade.
A China, com crescimento econômico acelerado e alto impacto sobre as mudanças climáticas globais, apontada como a maior poluidora do planeta, dispara em investimentos eólicos com o crescimento explosivo de 80% por ano. Em 2012, os parques eólicos geraram 2% a mais de eletricidade que as usinas nucleares, uma diferença que tende em aumentar muito nos próximos anos. Pesquisadores da Universidade Harvard, nos EUA, estimaram que o potencial de geração eólica da China é 12 vezes maior do que seu consumo total de eletricidade em 2010.
Como resposta ao desastre nuclear de Fukushima, no Japão, o governo chinês suspendeu novas aprovações de reatores e impuseram uma reviravolta em favor da energia eólica. Como aliás está acontecendo em muitas partes do mundo. Entre 2011 e 2012, novos 19 mil megawatts de capacidade de energia eólica foram ligados à rede, atingindo um total de 75 mil megawatts. Para 2013 são esperados novos 20 mil megawatts. Projeções da Associação da Indústria de Energia Renovável da China indicam que o país alcançará a meta oficial de 100 mil megawatts de energia eólica conectada à rede em 2015 e, com sete mega complexos de 130 mil megawatts, querem alcançar pelo menos 200 mil megawatts em 2020.
O mercado de bens e serviços da eficiência energética com crescimento vertiginoso poderá passar de US$ 655 bilhões (mais de R$ 1,3 trilhão) em 2020. Nos EUA a “produtividade energética” passou a ser um novo valor agregado às áreas rurais. Como turbinas eólicas ocupam apenas 1% do solo das fazendas de vento, o mesmo local pode ser usado para lavouras e criação de gado, aumentando a rentabilidade. Os proprietários rurais (donos do vento) que arrendam pontos de suas fazendas para concessionárias visando a implantação de turbinas eólicas recebem, sem investimentos adicionais, entre 3 mil e 10 mil dólares por ano, em royalties, por cada turbina instalada.
No Nordeste brasileiro, e especialmente a Bahia, novas avaliações indicam que a força eólica é o dobro da demonstrada no mapa de vento hoje. Observando a necessidade de garantir a conservação da vida silvestre nas áreas destinadas a implantação das fazendas de vento, investidores inovam obedecendo os critérios legais das licenças ambientais concedidas. Com a velocidade dos avanços tecnológicos, em breve, mini turbinas eólicas estarão nos prédios das cidades como antenas parabólicas de TV, e nas janelas, acendendo luzes das salas e quartos – inovações sustentáveis na indústria da construção civil.
O dia 15 de junho foi escolhido pelo Conselho Mundial da Energia Eólica como o “Dia Mundial do Vento”. Comemorando investimentos eólicos na Bahia que lidera o país com R$6,5 bilhões até 2014, geração de 5 mil empregos e estimulando a tendência de ter 10% da energia baiana gerada a partir do vento até 2020, a bicentenária Associação Comercial da Bahia, fundada em 1811 – quando notícias e caravelas só chegavam ao Brasil movidas a energia eólica, única disponível na época para a travessia do Atlântico – organiza, em 15 de junho próximo, em parceria com empresas e o governo do estado, um evento reunindo especialistas internacionais na área para lançar uma nova marca: “Bahia Wind-Made”. Quantos produtos e serviços, daqui em diante, poderão portar a etiqueta “Feito-a-Vento na Bahia”?

A energia solar pode ter preço competitivo a partir de 2014


Enquanto a energia eólica vai de vento em popa pelo mundo, a eletricidade gerada pelo sol se prepara para brilhar sem ajuda nos próximos anos. O Deutsche Bank alemão divulgou uma análise segundo a qual a energia gerada pelas placas solares podem ser competitiva sem nenhum subsídio a partir do fim do ano que vem. Ao menos seguindo as tendências atuais de queda nos preços. O banco apontou para uma demanda especialmente forte de energia solar na Índia, na China, no Reino Unido, na Alemanha e nos Estados Unidos.
Uma das evidências apontadas pelo estudo é a existência de projetos na Itália para venda de energia solar a preço de mercado sem nenhum subsídio do governo.
As grandes usinas de energia solar podem vender a preços mais baixos do que termelétricas a carvão ou gás natural a partir do fim da década, segundo um estudo feito pela Bloomberg New Energy Finance na Austrália. Isto porque as termelétricas deverão ter aumentos de custos associados à escassez crescente de água – resultado de mudanças climáticas geradas por suas próprias emissões poluentes.
No Brasil, algumas pessoas já estão instalando células solares no teto e vendendo o excedente da energia para a distribuidora. O investimento se paga em 7 a 10 anos. Depois, é só lucro.
Segundo a Agência Internacional de Energia, um terço da energia do planeta pode ser gerada pelas placas solares.

Maior área de mata atlântica é do Exército



Publicado no Jornal do Commercio, em 2 de março de 2013. Foto: Bobby Fabisak/JC Imagem,  31/05/2012.
A maior área de mata atlântica do Nordeste, no trecho acima do Rio São Francisco, não está nas mãos de usineiros, e sim do Exército. É o que mostra pesquisa da Universidade Federal de Pernambuco concluída recentemente. São 8.300,46 hectares, distribuídos em cinco unidades militares, todas no Grande Recife. </DC>Um hectare tem 10 mil metros quadrados e equivale à área ocupada por um campo de futebol.
Os remanescentes estão no Campo de Instrução Marechal Newton Cavalcante (7.342 ha), em Aldeia, no 14º Batalhão de Infantaria Motorizado (401,4 ha), em Jaboatão dos Guararapes, no 7º Grupo de Artilharia de Campanha e 3ª Divisão de Levantamento (43,53 ha), em Olinda, no 4º Batalhão de Comunicações (173,53 ha), no Recife, e no Complexo Militar do Curado (340 ha), que inclui o Comando Militar do Nordeste.
No estudo, realizado para tese de doutorado em Tecnologia Ambiental e Recursos Hídricos da UFPE, vinculado ao Departamento de Engenharia Civil, o autor aponta ainda os serviços ambientais prestados pela floresta mantida pelo Exército.
Os principais são a amenização do clima local, a regularização de vazão de mananciais e a conservação da fauna e flora. O trabalho, apresentado mês passado, aponta também o papel das matas do Exército na manutenção dos estoques e absorção de carbono.
O major Helder de Barros Guimarães, com mestrado em Desenvolvimento e Meio Ambiente, também pela UFPE, lembra que antes de ficarem sob a responsabilidade do Exército, essas áreas eram utilizadas no cultivo de cana-de-açúcar e capim para pecuária. Ou seja, os militares contribuíram para a regeneração da vegetação nativa. A afirmação do oficial se baseia na análise de fotografias que mostram a evolução das florestas nas seis unidades militares.
A partir das imagens, ele comprovou que houve aumento da cobertura vegetal em todas as unidades militares. No trabalho, sob a orientação do biólogo Ricardo Braga, o pesquisador gerou mapas que mostram a evolução da floresta dentro dos quartéis e a diminuição no entorno.
Com base nos resultados, Helder propõe a criação de uma nova categoria de unidade de conservação, específica para as áreas sob a guarda do Exército. Segundo ele, a medida significaria um incremento de aproximadamente 3,8% das áreas protegidas em nível federal. “Caso as áreas da Marinha e da Força Aérea também fossem contempladas, diz o pesquisador, esse acréscimo poderia ser superior a 10%”, estima.
No Campo de Instrução Marechal Newton Cavalcante, maior remanescente florestal, composto por 20 fragmentos, há 168 tipos de aves, quatro estão na lista brasileira e uma na internacional de animais ameaçados de extinção.
De cobras, existem 22 espécies, entre elas a surucucu  Lachesis muta. Maior cobra peçonhenta da América do Sul, também está no livro vermelho.