domingo, 10 de março de 2013

A força da energia eólica




O relatório sobre crescimento da economia verde divulgado no Fórum Econômico Mundial de Davos (Suíça), mostra que os US$ 88 bilhões de subsídios para energia renováveis, em 2012, começam a formar tendências e a atrair o outro lado onde US$ 623 bilhões em subsídios foram investidos em combustíveis fósseis. O novo jogo das renováveis está avançando no tabuleiro.
A energia limpa, gerada a partir do vento, faz parte dos investimentos na matriz energética considerados básicos para virada rumo à sustentabilidade. Recursos eólicos são inesgotáveis, parques eólicos podem ser construídos rapidamente, são ideais para locais com escassez hídrica porque não precisam de água, ajudam a descarbonizar a economia porque não emitem gases de efeito estufa e ainda geram empregos verdes, estando assim alinhados com os novos marcos regulatórios da sustentabilidade.
A China, com crescimento econômico acelerado e alto impacto sobre as mudanças climáticas globais, apontada como a maior poluidora do planeta, dispara em investimentos eólicos com o crescimento explosivo de 80% por ano. Em 2012, os parques eólicos geraram 2% a mais de eletricidade que as usinas nucleares, uma diferença que tende em aumentar muito nos próximos anos. Pesquisadores da Universidade Harvard, nos EUA, estimaram que o potencial de geração eólica da China é 12 vezes maior do que seu consumo total de eletricidade em 2010.
Como resposta ao desastre nuclear de Fukushima, no Japão, o governo chinês suspendeu novas aprovações de reatores e impuseram uma reviravolta em favor da energia eólica. Como aliás está acontecendo em muitas partes do mundo. Entre 2011 e 2012, novos 19 mil megawatts de capacidade de energia eólica foram ligados à rede, atingindo um total de 75 mil megawatts. Para 2013 são esperados novos 20 mil megawatts. Projeções da Associação da Indústria de Energia Renovável da China indicam que o país alcançará a meta oficial de 100 mil megawatts de energia eólica conectada à rede em 2015 e, com sete mega complexos de 130 mil megawatts, querem alcançar pelo menos 200 mil megawatts em 2020.
O mercado de bens e serviços da eficiência energética com crescimento vertiginoso poderá passar de US$ 655 bilhões (mais de R$ 1,3 trilhão) em 2020. Nos EUA a “produtividade energética” passou a ser um novo valor agregado às áreas rurais. Como turbinas eólicas ocupam apenas 1% do solo das fazendas de vento, o mesmo local pode ser usado para lavouras e criação de gado, aumentando a rentabilidade. Os proprietários rurais (donos do vento) que arrendam pontos de suas fazendas para concessionárias visando a implantação de turbinas eólicas recebem, sem investimentos adicionais, entre 3 mil e 10 mil dólares por ano, em royalties, por cada turbina instalada.
No Nordeste brasileiro, e especialmente a Bahia, novas avaliações indicam que a força eólica é o dobro da demonstrada no mapa de vento hoje. Observando a necessidade de garantir a conservação da vida silvestre nas áreas destinadas a implantação das fazendas de vento, investidores inovam obedecendo os critérios legais das licenças ambientais concedidas. Com a velocidade dos avanços tecnológicos, em breve, mini turbinas eólicas estarão nos prédios das cidades como antenas parabólicas de TV, e nas janelas, acendendo luzes das salas e quartos – inovações sustentáveis na indústria da construção civil.
O dia 15 de junho foi escolhido pelo Conselho Mundial da Energia Eólica como o “Dia Mundial do Vento”. Comemorando investimentos eólicos na Bahia que lidera o país com R$6,5 bilhões até 2014, geração de 5 mil empregos e estimulando a tendência de ter 10% da energia baiana gerada a partir do vento até 2020, a bicentenária Associação Comercial da Bahia, fundada em 1811 – quando notícias e caravelas só chegavam ao Brasil movidas a energia eólica, única disponível na época para a travessia do Atlântico – organiza, em 15 de junho próximo, em parceria com empresas e o governo do estado, um evento reunindo especialistas internacionais na área para lançar uma nova marca: “Bahia Wind-Made”. Quantos produtos e serviços, daqui em diante, poderão portar a etiqueta “Feito-a-Vento na Bahia”?

Nenhum comentário:

Postar um comentário